Cacau é a nova aposta do Oeste
Publicado em: 13/07/2021

Jorge Amado foi taxativo: 'A melhor terra do mundo para o plantio do cacau', disse sobre a Bahia. Quando se pensa em cacau por aqui, a mente vai direto ao Sul, mas uma outra região está apostando nessa produção e já apresenta resultados bastante positivos. O Oeste baiano agora abre espaço para o cacau, atingindo uma produtividade 177% acima dos locais com melhores médias do país. Especialistas acreditam que a produção na região pode somar forças para suprir demanda interna e ainda devolver ao Brasil o posto de grande exportador do fruto.

A região Oeste é muito marcada pelo agronegócio. Destaca-se pelo plantio de soja, milho e algodão. Possui projetos em diversas áreas ligadas ao campo, como criação de gado de corte, abatedouros de aves, uma fruticultura estabelecida e em crescimento, dentre outras atividades. Mas, há sete anos, iniciou um projeto de testes com o cacau. Atualmente, seis fazendas fazem experimentos com a planta, totalizando uma área de plantio de 180 hectares.

As áreas plantadas no Oeste ainda estão em fase experimental, mas os resultados impressionam. Em Riachão das Neves, por exemplo, a Fazenda Solaris vem registrando produtividade de 2.550 kg/hectare. A nível de comparação, no Pará, onde atualmente se tem as melhores marcas do Brasil, dados do IBGE de 2019 apontam uma média de 918 kg/hectare.

Ou seja, na plantação experimental da cidade no interior baiano vem sendo alcançada uma produtividade 177% maior do que a média paraense. Já a média de todo o Brasil é de 446 kg/hectare, e a da Bahia de 274 kg/hectare, respectivamente 571% e 930% menores que a média de Riachão das Neves.

'Os números da produtividade da cultura na região vêm nos deixando entusiasmados. Em 2021, estimamos que à área já plantada com cacau no Oeste serão acrescentados pelo menos mais 840 hectares', comenta o secretário da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia, João Carlos Oliveira. 'Estamos presenciando o início de um novo ciclo para o cacau na Bahia, com estímulo da produção nas regiões tradicionais e acréscimo da região Oeste, que chega com muita força', diz.

Para Moisés Schmidt, do Grupo Schmidt Agrícola e vice-presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), o que explica os bons resultados é, principalmente, o uso da tecnologia. 'Nós estamos migrando toda a tecnologia que temos de grãos e algodão para a cultura do cacau', diz. Além disso, outros fatores apontados por ele são a intensidade do sol e o tipo de solo.

'A região se mostra promissora para várias culturas por conta da intensidade do sol na região. Estamos desmistificando a ideia de que o cacau tem que ficar numa região sombreada. Temos cacau plantado em pleno sol com excelentes resultados. Outro benefício é a facilidade de mecanização em larga escala devido ao relevo e solo. Estamos aprendendo a trabalhar cacau com mecanização e como fruticultura e, não, como extrativista', acrescenta.

Schmidt afirma, no entanto, que o cacau não vai sair do Sul da Bahia e acredita que a região Oeste tem potencial para somar forças com outras regiões da Bahia e do Brasil para elevar ainda mais a posição do país, que hoje aparece em sétimo lugar no ranking de produtores mundiais, no cenário internacional.

'O Brasil precisa agregar cacau para abastecer o mercado interno e poder voltar para o mercado de exportação. Hoje, estamos precisando importar. Nós entendemos que o Oeste da Bahia vem para possibilitar isso. Somando forças com o Sul da Bahia e o Pará, podemos suprir a nossa demanda interna, fazendo com que o Brasil volte a ser, além de grande produtor, um grande exportador de cacau', finaliza.

Vale ressaltar que, além de sucos, polpas e doces, do cacau se extrai as amêndoas que, processadas, transformam-se em deliciosos chocolates. Segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), o setor gera no Brasil cerca de 200 mil empregos diretos e indiretos, aproximadamente 95 mil só na Bahia.


FONTE: Correio da Bahia/Bahia - Noticias - Setor/Mercado: Agronegócio



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