84% dos agricultores brasileiros já adotaram tecnologia digital

AGRO Internet e aparatos eletrônicos ajudam os produtores agrícolas a minimizarem danos causados pela Covid-19


Publicado em: 25/10/2021

Diante da crise sanitária, a adoção de práticas digitais se tornou a principal alternativa para os setores se manterem na produtividade. Um exemplo é a agricultura. Se em algum momento ela foi sinônimo de um nicho adverso à tecnologia, atualmente é a internet e os aparatos eletrônicos que ajudam os produtores agrícolas a permanecerem na ativa e minimizar os danos do cenário criado pela Covid-19.

De acordo com uma pesquisa feita pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 84% dos agricultores brasileiros já utilizam ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio na produção. O levantamento foi realizado no ano de 2020 com mais de 750 participantes e contou com suporte do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Assim, o termo agricultura digital passou a ganhar cada vez mais destaque. Em resumo, significa o uso de tecnologias digitais em toda cadeia produtiva do agro. Apesar de parecer uma definição simples, na prática ela diz respeito a toda transformação digital que acontece no agronegócio. Isso é o que explica a chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá.

'O processo de transformação digital é provocado pela evolução das tecnologias. Nós temos a área de hardware evoluindo e também a de software. Então, quando essas novas tecnologias são aplicadas no agro, toda cadeia produtiva é beneficiada, desde a pré-produção, a produção e até a pós-produção. Dessa forma, a agricultura digital reflete a transformação digital no setor', explica Silvia. Adesão de ferramentas A adesão das ferramentas tecnológicas - proporciona para o produtor vários aspectos positivos. 'A agricultura digital possibilita o aumento da produtividade, redução de custos e melhor aproveitamento dos recursos naturais, o que contribui para a sustentabilidade. AÀ partir do controle e monitoramento digital da lavoura, o produtor pode reduzir o uso de defensivos agrícolas e combater pragas, por exemplo', explica a coordenadora de agronegócios do Sebrae, Adriana Moura.

Em Feira de Santana, com a impossibilidade de comercializar alimentos oriundos da agricultura familiar de maneira presencial, pequenos produtores rurais recorreram à agricultura digital e criaram uma plataforma para a venda on-line, a Feira Virtual. Através dela, os consumidores podem comprar e receber o produto em casa ou retirar no Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município.

'A iniciativa nasceu no primeiro ano da pandemia, que foi um período que tivemos muitas chuvas e, consequentemente, muita produção. Mas, por causa do coronavírus, as feiras livres foram fechadas, impossibilitando o agricultor de comercializar, o deixando sem saber o que fazer com a produção que estava sendo perdida. A partir disso, criamos a Feira Virtual como alternativa para a comercialização', conta a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Conceição Borges.

A agricultora Adriana Lima foi uma das beneficiadas pela ação. O projeto ajudou-a a evitar prejuízos e também otimizou as vendas. 'Quando a gente ia comercializar na feira livre, muitas vezes não tinha como levar toda produção. Aqui, temos uma produção de couve muito grande, a feira não dava conta. No ambiente virtual, podemos fazer a divulgação e conquistar mais clientes', esclarece a produtora.

A plataforma deu muito certo e foi expandida. Hoje, a comercialização já está em uma escala maior. Antes, só os alimentos agrícolas do município eram vendidos na plataforma. Com bons resultados nas vendas, parcerias com cooperativas que trabalham com produtos locais e de outras regiões foram feitas. Por isso, mesmo depois da pandemia, o projeto vai continuar.

'A ideia é expandir a iniciativa, uma vez que vem dando certo. Além disso, queremos realizar outras. Já fizemos uma reunião totalmente virtual com mais de 150 jovens agricultores, que foram estimulados a pensar ações para o Sindicato através das redes digitais', pontua Conceição.

São muitas as ações com instrumentos digitais que podem ser desempenhadas por profissionais do agronegócio. No geral, elas são usadas para obtenção de informações técnicas, auxílio no planejamento e gestão das atividades na propriedade. Além disso, para mapeamento, planejamento do uso da terra, compra e venda de insumos e produtos. Com a grande variedade de tecnologias que podem ser aplicadas para diversos fins, o assessor especial da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), Thiago Guedes, acredita na ampliação do uso de ferramentas do gênero. Isso pela otimização na produção e muitos outros benefícios. 'Os mecanismos digitais são facilitadores da gestão do campo e, até mesmo, catalisadores de produtividade. Há grande diversidade de insumos e sistemas que combinando o conhecimento empírico, científico e dados disponíveis sobre as lavouras e criatórios animais, analisa e fornece recomendações de manejo otimizadas', diz Thiago. Impacto da pandemia A pandemia deu destaque à busca dos agricultores por instrumentos tecnológicos que otimizam a produção. Mas, segundo Silvia, uma articulação entre as práticas digitais e o agronegócio já era esperada, apenas foi acelerada pela crise gerada pela Covid-19 e, agora, a tendência é que cada vez mais as tecnologias ganhem espaço no agronegócio

'Talvez se não tivesse a pandemia, a gente demorasse mais para entender a importância dos instrumentos digitais para o agronegócio, mas independente dela esse momento iria chegar'.

Quem também concorda com ela é Adriana Moura, que percebe crescimento no agronegócio brasileiro. Mas também destaca que há muito a evoluir quando o assunto é a utilização de aparatos digitais no setor.

'O setor do agronegócio brasileiro tem ganhado cada vez mais destaque no mercado mundial como produtor de alimentos. Embora a tecnologia tenha sido fundamental para a modernização e crescimento da área, a produtividade ainda é baixa em diversos segmentos, quando comparado com outros países', afirma a coordenadora.


FOTO: Lílian Alves / Divulgação
FONTE: A Tarde/Bahia - Agro / Setor/Mercado - Agronegócio



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